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segunda-feira, 25 de abril de 2011

Soneto da separação

De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.
De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama.

De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente.

Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.
 Sonhara eu ser um colírio para teus olhos
Um aconchego ao teu desespero
A felicidade na tua tristeza
Um sonho em teu pesadelo

Sonhara eu ser por ti lembrada
Sonhara eu ser assim amada
Surgindo na solidão dos teus pensamentos
Um sorriso meu contra teu sofrimento

Quisera eu lembrar-te sem sofrer
Ver-te sem sonhar
Viver sem te amar

Como viver se eu te esquecer
Como sorrir sem te lembrar
Como te procurar...
Se eu não mais posso te encontrar

Jamais esquece quem se ama
Apenas o amor que um dia se clama
Converte-se em lágrimas de lembrança.